1. Resumo e estrutura da tese#

1.1. Resumo#

A despeito de um relativo aumento, nas últimas décadas, de pesquisas que têm como foco um ensino de biologia que vai além de uma abordagem cientificista e conteudista, ainda notamos uma lacuna importante na proposição de estratégias educacionais que abarquem as questões sociopolíticas e culturais que nos cercam e impactam. Esse viés apolítico ou acrítico do ensino de biologia contribui para perpetuação de visões ultrapassadas e estereotipadas (da ciência, da produção de conhecimento, do ser humano, de grupos sociais, etc.) que podem reforçar padrões opressivos.

Nesse sentido, é relevante chamar a atenção para a importância da formação docente em biologia, voltada para a preparação de sujeitos que atuem de forma crítica e engajada na sociedade, principalmente se levarmos em conta o contexto sociopolítico que vivemos nos últimos anos e da crescente onda fascista que experienciamos no Brasil.

Sendo assim, amparada pelas demandas sociais e legais que dizem respeito a promoção de ações educativas voltadas para o combate as opressões, em especial o racismo e sexismo, fundamentada pela perspectiva teórica da pedagogia freire-hookiana e pelo referencial teórico-metodológico da pesquisa em Design Educacional, essa pesquisa objetivou elaborar uma sequência didática (SD), no âmbito do ensino de evolução biológica, baseada na trajetória intelectual da francesa Clémence Royer a ser implementada em uma turma do curso de licenciatura em ciências biológicas da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS.

De maneira mais específica, objetivamos: (1) investigar a trajetória intelectual da francesa e mulher das ciências Clémence Royer, como recurso para a articulação entre história da ciência (neste caso, história das mulheres na ciência) e o ensino de ciências; (2) desenvolver e validar princípios de design para uma SD sobre o ensino de evolução biológica baseada em Clémence Royer com a intenção de promover uma formação crítica às dinâmicas de opressão na licenciatura em biologia, principalmente em relação as opressões de gênero e raça; (3) validar a se-quência didática por pares e movimento social feminista.

A partir de uma abordagem qualitativa, iniciamos esta investigação buscando contemplar a fase preliminar das pesquisas em design, no qual pro-cedemos com a análise do contexto que culminou com a elaboração de um quadro conceitual baseado na literatura e no conhecimento docente que orientou toda a pesquisa. Em seguida, prosseguimos para a fase de prototipagem, momento em que houve a elaboração da intervenção didática, e os processos de validação por pares e movimento feminista, além da investigação dos princípios de design, testados empiricamente no contexto real de sala de aula. Realizou-se um ciclo de prototipagem com avaliação formativa que sinalizou para a reelaboração de estratégias com a finalidade de aperfeiçoamento da intervenção. Os resultados empíricos apontaram para a validação dos princípios investigados e para a potencialidade da SD como um todo.

Quanto ao uso da trajetória intelectual de Clémence Royer, constatamos grande potencial da história desta mulher da ciência na promoção de debates relaciona-dos as implicações sociais do evolucionismo, no caminho do desenvolvimento de pensamento crítico às dinâmicas de opressão pelos(as) educandos(as), resultados que demonstram as contribuições teóricas educacionais e para a área da história das ciências desta tese.

Com base nestes resultados, elaboramos um material curricular educativo (MCE) baseado nos produtos educacionais deste estudo: os princípios, a SD e a biblioteca pública de educação antiopressiva.

Ademais, esperamos que esta pesquisa contribua com a literatura do ensino de biologia e inspire o desenvolvimento de novas pesquisas que apresentem inovações educacionais que buscam articular os conteúdos específicos da biologia com temáticas socialmente relevantes, com o objetivo de fomentar uma educação contextualizada, problematizadora e antiopressiva.

Palavras-chave: Educação antiopressiva, Ensino de biologia, Clémence Royer, Evolução biológica, Pedagogia freire-hookiana.

1.2. A pesquisa#

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1.3. Estrutura#

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